Todos aprendemos que os riscos da coisa correm por conta do vendedor, assim como os do preço correm por conta da comprador (CC, art. 492).
Também aprendemos que se a coisa perecer antes da entrega ao comprador, o vendedor responde pelos prejuízos, a menos que tenha havido causa fortuita ou força maior.
Da mesma forma, caso o preço fique defasado, em razão da inflação, por exemplo, quem corre o risco de arcar com a correção monetária é o comprador pois a ninguém é dado o direito de enriquecer indevidamente.
Sobre os riscos da coisa, há três hipóteses em que o comprador os assume mesmo antes da tradição se completar (Ulhoa Coelho, 2005, p. 160).
A primeira diz respeito às coisas que se transmitem contando, pesando, medindo ou assinalando. Se já tiverem sido postas à disposição do comprador, é dele o risco se ocorrer perda por fortuito no ato de contar, marcar ou assinalar ou se estava em mora de as receber (art. 492,§§ 1º e 2º). A segunda decorre da expedição da coisa, por ordem do comprador, para lugar diverso do tradição, a menos que o vendedor tenha descumprido as instruções recebidas (art. 494, CC). A terceira é pertinente às vendas com reserva de domínio, em que riscos são assumidos pelo comprador tão logo transferida a posse, a despeito de a propriedade resolúvel remanescer nas mãos do vendedor (art. 524).
Coelho (p.160), adverte, ainda, a tradição ocorre no lugar em que as coisas se encontravam no momento em que celebrado o contrato, salvo se as partes convencionaram em outro sentido (CC, art. 493). A identificação do local da tradição é importante para a distribuição dos riscos da coisa entre as partes da compra e venda. Não importa que as partes tenham outros domicílios, mas sim, o local onde se encontra a coisa. A partir do momento que a coisa deixa o local onde se encontrava, opera-se a tradição e qualquer perda passa a ser suportada pelo comprador. A lei aqui é supletiva; os contratantes podem estabelecer de comum acordo, a respeito do lugar da tradição, qualquer outro diverso daquele em que se encontrava a coisa no momento da contratação, se solução diversa melhor atender seus interesses.
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