segunda-feira, 15 de março de 2010

O Sermão da montanha (*versão para educadores*)



Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.



Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.



Tomando a palavra, disse-lhes:



- “Em verdade, em verdade vos digo: Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.



Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.



Felizes os misericordiosos, porque eles...”



Pedro o interrompeu:



- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?



André perguntou:



- É pra copiar no caderno?



Filipe lamentou-se:



- Esqueci meu papiro!



Bartolomeu quis saber:



- Vai cair na prova?



João levantou a mão:



- Posso ir ao banheiro?



Judas Iscariotes resmungou:



- O que é que a gente vai ganhar com isso?



Judas Tadeu defendeu-se:



- Foi o outro Judas que perguntou!



Tomé questionou:



- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?



Tiago Maior indagou:



- Vai valer nota?



Tiago Menor reclamou:



- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.



Simão Zelote gritou, nervoso:



- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?



Mateus queixou-se:



- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!



Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:



- Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos?



Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?



Caifás emendou:



- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?



Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:



- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto.



E vê lá se não vai reprovar alguém! Lembre-se que você ainda não é professor titular...



Jesus deu um suspiro profundo, pensou em ir à sinagoga e pedir aposentadoria proporcional aos trinta e três anos. Mas, tendo em vista o fator previdenciário e a regra dos 95, desistiu. Pensou em pegar um empréstimo consignado com Zaqueu, voltar pra Nazaré e montar uma padaria...



Mas olhou de novo a multidão. Eram como ovelhas sem pastor... Seu coração de educador se enterneceu e Ele continuou:



-“Felizes vocês, se forem desrespeitados e perseguidos, se disserem mentiras contra vocês por causa da Educação. Fiquem alegres e contentes, porque será grande a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram outros educadores que vieram antes de vocês”.



Tomé, sempre resmungão, reclamou:



- Mas só no céu, Senhor?



- Tem razão, Tomé - disse Jesus - há quem queira transformar minhas palavras em conformismo e alienação.. Eu lhes digo, NÃO! Não se acomodem.



Não fiquem esperando, de braços cruzados, uma recompensa do além. É preciso construir o paraíso aqui e agora, para merecer o que vem depois...



E Jesus concluiu:



- Vocês, meus queridos educadores, são o sal da terra e a luz do mundo...

Texto de abertura do Programa Rádio Vivo — Rádio Itatiaia, Belo Horizonte —



de 15/10/2009, texto do professor Eduardo Machado.




Colaboração: Professora Silvia Fráguas.

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